O SC está na ativa desde 1991,
mas a última formação está consolidada desde o ano passado. A que você acha que
se devem todas essas mudanças?
Charlie Curcio –
Acredito que a maioria das bandas undergrounds,
senão todas, passam por este problema. No meu caso propriamente, junto ao
desinteresse de alguns caras que passaram pela banda, o fato de que fui
obrigado, por circunstâncias da vida, a mudar muito de cidades e até de
estados, isso acarretou a inevitáveis mudanças na formação. Como sou o único
que foi ficando da formação original, acabei herdando as responsabilidades com
relação à banda.
Pra vocês, como é ter uma banda de grind no Brasil? Você acha que existe algo de diferente na cena nacional atualmente?
Charlie Curcio – Vejo
que hoje o Grind está em um ponto
interessante. Diferente dos anos 90, quando houve um boom do estilo, com várias bandas Grind assinando com grandes gravadoras, hoje noto que as coisas
permanecem no underground, mas as
bandas conseguem ter um bom trabalho, lançar discos cada vez melhores e as
gravadoras, mesmo pequenas, tem uma estrutura profissional. É claro que tem
aqueles que não querem sair do gueto, dos pequenos shows e dos lançamentos em
formatos como CDr, e até fitas cassetes gravadas sem muita preocupação, mas
entendo que este é o espírito do extremo underground que persiste. De minha
parte, acho que já fiz este alicerce, hoje tenho uma preocupação cada vez maior
com a qualidade do trabalho, mas com o cuidado de não perder as características
que acompanham a banda desde seu início. O fato de termos entrado no catálogo
da Cogumelo, Voice Music e GreyHaze
muito me orgulha e é um passo muito largo, vários degraus galgados.
Atualmente como está a cena em
BH? Temos visto alguns shows internacionais que vão pra cidade, mas como estão
os shows nacionais?
Charlie Curcio – BH é
uma metrópole, acontece muita coisa aqui o todo tempo. Temos muitas ótimas
bandas, excelentes músicos que buscam o melhor sempre. Claro que aqui também
encontramos aproveitadores, aventureiros, espertalhões de plantão que utilizam
dos nomes das bandas para se alto-promover e os produtores que se acham mais
ídolos que os músicos. Mas, isso é inerente de todos os lugares, e cabe a quem
trabalha sério se desvencilhar destes caras. Shows de bandas nacionais são uma
constante por aqui. Nos finais de semana acontecem vários eventos ao mesmo
tempo, com uma gama rica de artistas. O que sempre falo é que este cenário
musical daqui tem que ir para outros centros, seja as bandas irem tocar fora ou
trazer o público para cá.
Em setembro vocês lançarão seu
segundo CD, como foi o processo de gravação dele?
Charlie Curcio – O
processo todo foi cansativo (risos). Nós utilizamos o mesmo estúdio que temos
gravado outras vezes e onde também ensaiamos de vez em quando, então tudo fica
mais fácil assim, pois todos se entendem melhor, a dinâmica flui muito melhor.
Pela primeira vez recorremos a outro estúdio apenas para a masterização final,
processo mínimo só para chegar aos níveis ideais exigidos pela gravadora. O
cansativo a que me refiro é quanto ao tempo que demoramos para finalizar, mas
foi preciso para chegar ao alto nível que o material apresenta.
Como é o processo de composição
de músicas e letras pra vocês? No que vocês se inspiram?
Charlie Curcio – Nosso
processo é o mais simples possível, ou seja, eu crio algumas bases na guitarra,
que servem de esqueleto para um novo som, daí no ensaio vamos moldando até
finalizá-lo. Hoje temos uma formação de caras experientes no estilo, então quando
apresento esta estrutura inicial eles já vão propondo os acréscimos, encaixes e
mudanças. As letras são quase todas eu que escrevo também e me inspiro no que
há de pior no mundo (risos). O ser humano nos proporciona muito tema para
letras. Este novo CD tem algumas letras que falam até do caso em Janaúba, em
que um rapaz ateou fogo em crianças na creche da cidade. Há ainda temas que
tratam de assuntos de psicopatia, de cunho social e até crítica ao próprio underground, onde alguns caras se portam
como donos do meio e do estilo.
Como foi o processo de contrato
com a Cogumelo?
Charlie Curcio – Eu
trabalho na Cogumelo, então tudo
ocorreu meio que por osmose. Antes de eu morar em BH, a loja já teve outros
lançamentos nossos e sempre vendeu muito bem, nunca encalhou, isso ajudou para
criar um interesse por nós da parte dos donos da Cogumelo. E o CD novo foi feito especialmente para este lançamento,
mesmo tendo algumas releituras de sons que já havíamos lançado de maneira
amadora recentemente e até um som antigo, que saiu no CD 5-Way Grindattack, As a Kick in You Head.
Quais são os planos do SC após o lançamento do CD? Podemos
esperar mais shows?
Charlie Curcio – Sim,
estou trabalhando nisso já, fechando o máximo de datas possível. Inclusive
temos uma proposta de uma mini turnê no nordeste para o primeiro semestre de
2019, quem sabe fechamos algo em Maceió, seria um prazer! Também tenho
divulgado ao máximo este lançamento, e o nome da Cogumelo e ainda GreyHaze
e Voice Music ajudam demais, claro. Sairá uma caixa especial feita de
madeira, incluindo o CD novo, uma camiseta exclusiva, adesivo e pôster.
Agora o espaço é de vocês: Deixe
algumas palavras para nossos leitores.
Charlie Curcio – É uma
satisfação novamente figurar na revista, a qual acompanho desde o início,
agradeço muito o espaço e atenção. Espero podermos em breve tocar para os
maníacos de Maceió e região. Acreditem em voces, não caiam em discursos demagogos
desta classe política deste país, pensem bem antes de declarem apoio e defesa a
algum destes nomes. E não permitam que o underground seja um reduto de
derrotados, que os shows continuem sempre lotados, que a força da música pesada
seja cada dia mais expansiva e forte e nossa cultura a nossa liberdade.
Obrigado a todos e sejam felizes.
http://www.rockmeeting.net/edicoes/rockmeeting107
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