sábado, 20 de outubro de 2018

Entrevista Completa - Anaites Records / Pagan Hammer Zine

ENTREVISTA com o STOMACHALCORROSION (GrindCore):
Outubro 2018.



01. Rapaz, quase duas décadas, ou mais, para eu entrevistar vocês novamente (risos)! E ai Charlie, comente ai um pouco desse retorno da banda aos estúdios, sendo que o SxCx é uma das lendas da nossa cena Grindcore, nem precisa muita apresentação, hehe!
Charlie Curcio –
Pois é, meu velho, o tempo passa e a gente permanece firme no Underground, mesmo contra a vontade de uns (risos). O StomachalCorrosion deu uma parada em 2009 depois da apresentação no festival Roça’n’Roll, Varginha, e devido a umas mudanças na minha vida pessoal. Em 2013 voltamos à ativa, mas sem muito resultado. Só em 2015 é que as coisas engrenaram de vez, já em Belo Horizonte. Aqui os trabalhos tem sido constantes para tentar recuperar o tempo perdido e tem sido muito satisfatório. A volta aos estúdios se deram pra valer e alguns materiais tem saído aqui e ali.

02. Olhando aqui a discografia da banda, passou de 40 materiais lançados, dentre DTs, Splits, LPs, CDs, Compilações, etc., sendo que a banda foi formada em 1991 e o primeiro álbum oficial lançado foi o “Transtorno Obsceno Repulsivo”, em 2005, e, recente estão com um CDzão ai fudidasso. Como avaliar a estrada percorrida pela banda até os dias atuais. Satisfatória? Há algum trampo que vocês consideram que ficou acima do esperado e há outros que desejam regravar ou ajustar gravações com bônus em lançamentos futuros?
Charlie Curcio – Eu sempre gostei de incluir o SC em alguns lançamentos, mas primando em não colocar muito som repetido o tempo todo. Isso cansa os caras que pegam material por aí. Por isso, e devido às minhas mudanças de cidade e de formação da banda, que não temos muito material lançado e o primeiro CD cheio nosso só saiu em 2005, justamente o Transtorno... O novo CD, chamado apenas StomachalCorrosion (sim, escreve-se junto mesmo), vem depois de trezes anos de muita letargia e agonia para tentar fazer algo de qualidade, e considero que conseguimos. A atual formação conta com caras experientes. O Fred, batera, já tocou em outras bandas, como a grande Mata Borrão, banda clássica em BH. O baixista, Hash Golem, já foi do Impurity e rodou em outras bandas. Só nosso atual vocal que está debutando em bandas, mas é um cara que já está no cenário há alguns anos e tem contribuído muito com sua maneira de enxergar a música pesada. Sobre materiais que pense mereçam um nova chance (risos), vejo os sons do CD 5-Way Grindattack como os que precisam de regravações, tanto que neste novo CD incluímos um som deste CD, As a Kick in Your Head.

03. O Split com o Agathocles, pra mim um dos CDs mais fodas já lançados, pois reúne duas lendas. Como surgiu o convite e após, rolou algum convite para tour com os caras ou algo na linha?!
Charlie Curcio – O lance todo começou quando o Jan me pediu para resgatar um material que estava nas mãos do Altemar Pereira, que seria um LP ao vivo, o qual chamaria Live in Stavenhagen. Entrei em contato com o Altemar, peguei o material e sugeri um Split, pois estávamos para entrar em estúdio, mas não tínhamos uma quantidade suficiente de sons para um CD cheio só nosso. O Jan, agindo estranhamente aceitou fazer um Split (risos). Ofereci o material para alguns selos, que, pra variar, já tinham uma quantidade enorme de lançamentos previstos e não poderiam nos lançar (esta é uma constante na história do SC), até que o Sérgio Giacomassi, aceitou lançar pela sua No Fashion Rec. Em conjunto com a Heavy Metal Rock. Sobre ir à Europa, não, não rolou nenhum convite pra ir por lá. E também nem tínhamos grana para tanto, portanto nem pensamos nisso. Mas, as duas vezes em que o Agathocles veio ao Brasil, o Jan demonstrou interesse em tocar conosco em ao menos uma data. Cheguei a procurar os gerentes de turnês das respectivas vindas banda, mas não consegui agendar nada para nós junto aos belgas, as bandas e todos esquemas já estava armados, estranhamente até antes de estar tudo 100% confirmado sobre a vinda do Agathocles ao Brasil. Cheguei até a pensar em organizar uma data na cidade onde morava, no sul de Minas, mas os lances entre as bandas e caras por aqui estavam tão fechados e engendrados, que acabei desistindo de participar mais efetivamente, mas fui à duas gigs deles, em Campinas e depois em São Paulo.

04. Sim, falando em tour, o SxCx já fechou alguma data de tour fora do país? Como você avalia essas parcerias de bandas para fazerem tours ou até mesmo as “agencias undergrounds” atuais que estão a auxiliar as bandas neste sentido?
Charlie Curcio –
Já cheguei a pensar muito em tocar na Europa, mas acho que ir só por ir, e não ter uma constância acaba entrando no esquecimento dos caras por lá. O legal é fazer um nome no continente primeiro, lançar e mandar material aos montes por lá. Nós nunca tivemos uma expansão boa por lá, imagino eu, então ir, passar um perrengue desgraçado, gastar dinheiro que nem temos direito, constituir dívidas na volta e nunca mais voltar para novas turnês, não vejo viável para o SC. Quem quiser fazer estas coisas, que o faça e seja muito feliz, falo por mim e por minha banda e os caras que estão comigo. Sobre as agências, bem, tem uns caras sérios, mas tem uns que mandam proposta que só em ler já desisto, pois o esquema de certos caras é tão tosco que é como se eles dissessem algo assim: Olha, eu conheço uns caras lá na Europa, vou dizer que voces estão indo pra lá, eles vão tentar colocar voces em alguns shows, mas não é certo. Certo mesmo é que voces terão que pagar todas as suas despesas de ida e volta, e também as minhas, como passagens, estadias, rango, traslado, etc". Ou seja, uns caras arrumaram um meio de fazer turismo às custas de uns mendigos de palco. Isso comigo não cola, mas mais uma vez digo: quem acha que estes esquemas são viáveis que sigam em frente e que tudo seja legal para todos.

                                                              
05. Cara, o que tu tens ouvido atualmente de bandas que você poderia indicar? Tipo, eu creio que muitos têm a visão de que o cara toca um estilo e só ouve aquilo direto. Eu mesmo curto uns progressivos e até uns harsh antigos, ou seja, curto conhecer novos estilos, mas, o SxCx foca única e exclusivamente no Grindcore para criar as linhas de suas músicas?
Charlie Curcio –
De bandas eu realmente ouço muita coisa. Quando comecei a ouvir música pesada não existiam os sons mais extremos que temos hoje e de uns tempos pra cá, então aprendi a “acumular” boas bandas para ouvir, sendo assim posso dizer que ouço de KISS e Iron Maiden, até Napalm Death e ExNxTx, de Holy Terror a Discharge, passando por Ultra Passiv, Accept, The Mist, Sarcófago, Psychic Possessor, Holocausto e por aí vai. Sobre a forma de compor... cara, confesso que por um pequeno período eu me influenciei demais por algumas bandas, e cheguei a pensar que o SC poderia estar inserido no nicho destas bandas, o que me rendeu alguns comentários pejorativos como parecendo uma cópia de algumas delas. Mas, com o tempo a gente vai crescendo, vai amadurecendo e largando as infantilidades de lado. De um bom tempo pra cá acredito que entendi o que a banda exige não só de mim, que componho boa parte do material, como dos demais membros, e nos situamos melhor na forma de fazer todo o material, procurando estar no que é nossa própria identidade, sem querer estar pendurado no saco de nenhum falso ídolo do underground.

06. Essa é clichê mas, vocês tem outros projetos musicais além do SxCx?
Charlie Curcio –
Eu já tentei começar uns projetos, mas não foram à frente, então de dedico exclusivamente ao StomachalCorrosion. Os demais caras eu acho que também não tem nada sério. O nosso baixista vez por outra toca em umas bandas. Todos somos muito concentrados no que o SC faz hoje em dia.

07. A formação atual do SxCx está fixa?
Charlie Curcio –
Espero que sim (risos). Somos hoje: Saulo nos vocais, eu, Charlie, na guitarra, Hash Golem no baixo e o Fred na bateria.

08. Rapaz, e esse box set ai via Cogumelo Records? Como surgiu a ideia e, quais os atrativos deste lançamento?
Charlie Curcio –
Eu trabalho na Cogumelo e tenho muito orgulho disso. Em algum momento em nossas conversas, joguei a proposta ao João Eduardo dele nos contratar, ele disse pra fecharmos a formação, compormos um material novo e mostrar pra ele. Isso junto ao fato de que, segundo ele mesmo, todo o material da banda que chegou na loja fora vendido, nenhum encalhou e também por sermos uma banda antiga, já rodada, com o nome consolidado no cenário e tendo aparecido em muitos lugares, isso ajudaria na questão de divulgação e apresentação deste novo CD. Sobre atrativos, o CD vem com vinte e um sons, uma arte simples, mas muito fudida feita pelo talentosíssimo Fernando Drowned. E conta com uma edição especial em cem peças de uma caixa de madeira com um CD, uma camiseta exclusiva, um adesivo e um pôster. É algo bem legal e meio raro para uma banda Grind do Brasil. Sei que alguns caras estão torcendo seus narizes para estas coisas ao nosso respeito, mas estes mesmos caras são os que pagam caro por um mero compacto de uma banda gringa. São os mesmos que criticam o preço de uma fita profissional importada, mas acham legalzinho pagar caro por qualquer coisa de alguma banda de fora e ainda postam no Facebook todos cheios de orgulhinho por ter conseguido tal material.

09. Destes 21 sons, são todas composições suas? Qual a temática lírica abordada neste CD? Pergunto, pois, em se tratando de GrindCore, logo vem à mente ser somente a barulheira/tosqueira de garotos de 15 anos tocando feito loucos, kkkk!
Charlie Curcio –
A maioria dos sons foi eu que compus e escrevi as letras, mas há música e letras de todos. E não costumo nomear cada faixa com o nome de quem compôs e escreveu a letra, ao meu ver tudo é um trabalho conjunto e pertence à obra da banda, não de uma pessoa só. Sobre os temas, temos de tudo um pouco, como críticas sociais, ironias ao meio Underground, fatos ocorridos no Brasil recentemente, como o homicídio em Janaúba. A barulheira tosca a que você se refere, deve ser quanto ás bandas Noise Core, certo? Este é um estilo que não estamos inseridos, mas é um que caminha meio que em paralelo ao Grind sim.

10. Certamente que um trabalho tão primoroso deste, e, sendo que as caixas/boxs estão sendo confeccionados no velho D.I.Y., acho massa demais isso..., essa tiragem mínima seria pelo alto custo ou por representar somente por vocês terem a noção que estas poucas são o suficiente? Ou seja, “quem pegou, pegou, quem não pegou, dançou?!”.
Charlie Curcio –
Os custos de produção destas caixas especiais são altos, demanda tempo e dedicação constante. Tudo é sempre feito por mim, pinto à mão todas, mando fazer os adesivos, os pôsteres e os corto um por um. As camisetas eu que aprimorei o desenho criado pelo Valdecir da Silva, acertei com a serigrafia que as imprimiu, e também dobrei todas e vou colocando dentro de cada caixa com os demais itens. Ou seja, Faça Voce Mesmo realmente. Sobre a quantidade, acho que cem peças é o suficiente e as pré-vendas sempre ajudam a viabilizar a produção, e confesso que quem pegou pegou, quem ficou pra pensar e ver com calma e mais pra frente, o famoso “fica pra próxima”, vai ficar sem mesmo. Mas, estes nem devem ter interesse neste lançamento, como eu já disse anteriormente, este caras sempre tem outras bandas melhores pra investirem.

11. Você citou algo que tenho ouvido muito ultimamente: “Já estou envolvido com muitos lançamentos”; mas, o que mais vejo são lançamento cooperativos, eu mesmo fiz muitos com parceria de oito selos ou mais. Você acha que este tipo de lançamento cooperativo é valido para a banda? Visto que, para os selos fica muito limitado pois o que é de certo é que divulga muito, mas, os selos ficam regrados a poucos pontos pois sendo muitos selos, maior o alcance do mesmo em questão de regiões.
Charlie Curcio –
Cara, eu acredito que cada um na sua, se alguém acha que fazer cooperativas é uma boa, que as faça. Não vejo problema nenhum em um dia o StomachalCorrosion entrar em um esquema de lançamento por vários selos. Mas, confesso que antes de receber a proposta da Cogumelo meu pensamento era de ficarmos independentes e lançarmos e distribuirmos nossos lançamentos, como temos feito com algumas camisetas, a cassete Kaos em Betim e o 3-Way Nipshit (SC, Cleptophagia e Perfusion Blood). Isso justamente por eu ter cansado de oferecer o trabalho de minha banda a muitos selos e receber a mesma respostinha de sempre. Se não tem interesse por minha banda, eu mesmo me viro e faço como puder. Nestes tempos em que tudo ofende e traumatiza esta geração de isopor, é melhor ficar quieto e trabalhar sozinho, do que mandar um FDP diferente se fuder todos os dias.

12. Meu amigo Charlie Curcio, agradeço imensamente a boa conversa e por ceder um pouco de seu tempo para responder esta humilde entrevista, agradeço e deixo aqui o espaço para o amigo relatar algo mais que tenha interesse...!
Charlie Curcio –
Muito gratificante voltar a responder uma entrevista sua, meu velho camarada Hioderman. Voce é um cara que sempre apoiou o StomachalCorrosion, mesmo não podendo sempre, mas vez por outra arruma uma maneira de ajudar. Eu que agradeço a você, ao fudido Anaites Recs/Distro/Prod/Zine pelo espaço para colocar minhas falas, que nem sempre são satisfatórias para falsos, fracos e derrotados, gente que se esconde em suas máscaras hipócritas e cheias de regrinhas pífias, boicotes infantis e discursos recheados de escrota demagogia. Sim, a corrosão segue seu curso. Abraço e vamos em frente... Sejam Felizes!

Contatos:
E-mail: charliefcurcio2@gmail.com
Site: facekook.com/stomachalcorrosion
www.stomachalcorrosion.blogspot.com.br

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Entrevista Completa - Jornal O Tempo 02 Outubro 2018.



                                                
Grindcore
Stomachal Corrosion: cada vez mais cru, sujo e visceral
Banda mineira lança segundo disco, autointitulado, pela gravadora Cogumelo Records
Nos quase 35 minutos de seu novo e autointitulado disco, o Stomachal Corrosion destila um grindcore cru, agressivo, sujo e técnico. E, diga-se de passagem, de muita qualidade, fazendo jus a tradição do fértil terreno do metal mineiro, que deu luz a nomes reconhecidos nacional e mundialmente, como Sepultura, Sarcófago, Overdose, Chakal, Sextrash, Tuatha de Danann e Drowned.
E apesar de ser apenas seu segundo álbum full-lengh, o Stomachal não é um novato da cena. Nascido em 1991, o grupo soltou no mercado seu debut, “Transtorno Obsceno Repulsivo”, em 2005, além de vários splits como, por exemplo, ao lado dos belgas do Agathocles e dos portugueses Disfigured Human Mind.
O mais recente trabalho, porém, apresenta uma nova formação, com a entrada do baixista Hash Golem, e é o primeiro lançado pela gravadora Cogumelo Records.
“Fazemos um som que hoje encaro como algo com alguma identidade própria. O legal do grindcore é que ele é um estilo que, a meu ver, tem muita flexibilidade nas linhas dos instrumentos de cordas, principalmente, onde se pode encontrar nuances de outros estilos dentro da música extrema”, ressalta o guitarrista e fundador da banda, Charlie Curcio. Completam a formação o vocalista Saulo Eustáquio e o baterista Fred Catarino.
Ao todo, são 22 faixas, incluindo uma introdução, contendo riffs pesados e vocais guturais e rasgados e de curta duração – 18 delas não ultrapassam dois minutos. As letras, por sua vez, foram escritas sob três idiomas.
“Nosso estilo músico-ideológico provém do hardcore e do punk, passando pelo metal, então nossas letras tem cunho o mais realista e social possível. Se nas artes gosto de alguma liberdade e subjetividade, nas letras, as frases são curtas e diretas. O lance de escrever em português, inglês e até esperanto se deve a essa busca por alguma liberdade na forma de compor nossa obra como um todo”, explica Curcio, que elogia o atual line-up.
“Os outros três caras da atual formação já sabiam da banda quando nos conhecemos. Isso dá uma facilidade para tudo que se refere ao trabalho como um todo. Acaba que a banda fala mais alto do que as vontades de seus músicos, ou seja, nós entendemos que há um estilo, uma linha e uma personalidade natural da banda que nós precisamos seguir e respeitar. Se mudarmos isso não será o Stomachal Corrosion”, diz.
E com o novo disco recém-saído do forno, é hora de traçar os próximos passos. “Tocar ao vivo, divulgar e vender o CD atual. Já pensamos em um novo trabalho para 2020, mas lançamentos paralelos, com gravações ao vivo e em formatos secundários, podem surgir até lá”, relata.



1-Primeiramente, nos fale como e quando surgiu a banda. Um breve histórico até chegar no resultado final que é o debut.
Charlie Curcio - O StomachalCorrosion (escreve junto)surgiu em janeiro de 1991 quando saí de uma banda que ajudei a fundar, mas havia mudado os rumos não me deixando satisfeito. Então decidi começar uma nova com uma proposta dentro do que rolava naqueles tempos em termos de música mais pesada e extrema. Desde o início estamos sempre participando de lançamentos em vários formatos não só no Brasil, quanto no exterior até chegarmos ao nosso debut CD lançado em 2005 por uma gravadora de Bragança Paulista. Este ano, 2018, lançamos nosso segundo CD cheio, desta vez pela gravadora Cogumelo Records, daqui de BH mesmo.

2-O quanto a arte tem a ver com a sonoridade e as letras.
Charlie Curcio - O universo da Música Pesada carrega consigo uma cultura própria, onde o modo de vestir, falar, as artes, as maneiras de "dançar" e curtir os shows e as canções é essencialmente peculiar e exclusivo. Muito do que se originou no meio Rocker se espalhou por todos os estilos culturais, tanto musical quanto visual. No caso do SC, costumo utilizar uma arte mais direta e simples, às vezes com certo grau de subjetividade e que gere uma identidade.

3- Aliás, nos fale de onde vem a inspiração das letras e o porquê de mesclar português e inglês.
Charlie Curcio - Nosso estilo musico ideológico provém do Hard Core e do Punk, passando pelo Metal, então nossas letras tem cunho o mais realista e social possível. Se nas artes gosto de alguma liberdade e subjetividade, nas letras as frases são curtas e diretas. O lance de escrever em português, inglês e até esperanto, se deve a esta busca por alguma liberdade na forma de compor nossa obra como um todo.

4- De que forma você rotularia a banda? Ou melhor, qual o som da banda, em sua opinião?
Charllie Curcio - Fazemos um som que hoje encaro como algo com alguma identidade própria. Sempre estivemos ligados ao estilo GrindCore, mas ao comparar com várias bandas deste estilo me pergunto se nosso trabalho realmente se encaixa ali, mesmo muitos caras nos tendo como nome no estilo. O legal do Grind é que ele é um estilo que sinto ter muita flexibilidade nas linhas dos instrumentos de cordas, principalmente, onde podemos encontrar nuances de outros estilos dentro do extremo. Desde que a bateria e os vocais sigam um certo padrão, o som acaba sendo rotulado de Grind Core. Este referido padrão iniciou-se no começo dos anos 80 e posso garantir que os rótulos nunca foram bem vistos e encorporados.

5- É um trabalho cru, direto, sujo e empolgante, tudo ao mesmo tempo, na minha opinião. Era essa a intenção desde o início?
Charlie Curcio - No início era pior... (Risos). Mas, sim, desde que pensei em fundar esta banda que o intuito era estar neste estilo, mas bebendo nas fontes de outros que sempre curti. O legal é que, mesmo com tantas mudanças, a maioria dos caras que passaram pela formação da banda eram curtidores tanto do estilo como até da banda. Os outros três caras da atual já conheciam a banda quando os conheci. Isso dá uma facilidade para tudo que se refere ao trabalho como um todo.

6- Quais são suas principais influências, Charlie, como músico?
Charlie Curcio - No início eu procurava fazer algumas letras, bases e tudo mais, me norteado em várias outras bandas que eu ouvia. Com o passar dos anos fui entendendo que o StomachalCorrosion ia formando um estilo quase próprio, mesmo sabendo que algo realmente original hoje em dia é impossível. Acaba que a banda fala mais alto do que as vontades de nós, seus músicos, ou seja, nós entendemos que há um estilo, uma linha e uma personalidade natural da banda que nós precisamos seguir e respeitar, se mudarmos não será o SC.

7- Quais os próximos passos do Stomachal?
Charlie Curcio - Tocar ao vivo, divulgar e vender o CD atual. Já pensamos em um novo trabalho para 2020, mas lançamentos paralelos, com gravações ao vivo e em formatos secundários podem surgir até lá.