quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Entrevista Completa - Violent Noise


O STOMACHALCORROSION é uma banda formada em 91. Conte-nos como foi o início de tudo.
Charlie Curcio – Eu havia passado por algumas bandas e na última que toquei não gostei dos rumos que estavam dando a mesma, mesmo eu sendo membro fundador, então decidi sair e começar um trabalho como eu gostaria que fosse, algo que eu tivesse mais voz ativa e pudesse decidir como as coisas seguiriam. Nunca tive comportamento de líder ou dono da banda, dando voz ativa a todos que sempre passaram e estão na banda até hoje, claro que algumas viagens e devaneios que surgiram foram podados, como uma vez que uns caras que estavam na formação queriam que o SC virasse uma banda cover do Slipknot só porque, segundo eles, era a modo no Metal naquele momento. Voltando ao começo de tudo, realmente as dificuldades eram gerais, nãos tínhamos instrumentos, equipamento, nada. Lembro de um ensaio que nem palheta eu tinha (risos).

Vocês passaram por várias mudanças na formação no decorrer deste tempo. Como está o line-up do grupo hoje?
Charlie Curcio – Desde que voltei a morar em BH que a formação se mantém praticamente a mesma, pelo menos no núcleo de guitarra, bateria e o vocal. Tivemos algumas instabilidades com baixistas, mas com a entrada do atual, as coisas tem tido uma regularidade. Chegamos a ter a participação do Rodrigo F., das bandas Holocausto e Certo Porcos, para uma gravação e um material que saiu no 3-Way Nipshit (SC, Cleptophagia e Perfusion Blood). H0je estamos com a formação: Saulo nos vocais, Charlie na guitarra, Hash Golem no baixo e Fred na bateria.

Como se deu a escolha do nome e o que quiseram passar para o público?
Charlie Curcio – Mesmo quando eu ainda tocava nas primeiras bandas, Insania, Diarrhea e Interitus, que eu pensava em ter alguma banda com o nome tendo algo como Corrosão, Corrosion ou Corrosive, por sofrer grande influência do Corrosion Of Conformity e o disco Animosity. Então, uma noite que eu voltava pra casa completamente bêbado logo no dia que saí do Interitus, acabei pensando neste nome, StomachalCorrosion (sim, junto) e comecei a trabalhar nos sons, letras, logotipo, biografia, etc. O nome em si não tem nenhum sentido, é até um nome tolo, reconheço, mas acabou ficando com o tempo, e não tem nenhuma preocupação com mensagem ou algo assim, isso fica mais para as letras mesmo. Mas, confesso que nunca tive este pensamento de passar mensagens ou tentar mudar o pensamento de alguém, as letras são apenas um reflexo de algum momento de indignação tanto minha como de alguém que venha a escrever algo.

                                            

Quais as principais influências da banda?
Charlie Curcio – O SC é da época em que as bandas GrindCore estavam surgindo e era este meio que me fazia pesar em estar inserido. Reconheço que houve um pequeno pedaço de tempo que minha maneira de compor era muito baseada e bandas como Rot e Agathocles, Napalm Death antigo e Abominog. Mas eu mesmo e os caras que estavam nas primeiras formações fomos moldando o estilo e acredito que logo passamos a ter um estilo meio próprio, mesmo não apresentando nada de tão inovador e cheio de misturebas como algumas bandas fazem tentando criar algo novo e na maioria das vezes só apresentam um som sem pé nem cabeça. Por isso que eu já há muito tempo não sei se somos realmente GrindCore e nem sei se “os donos” do estilo nos aceitam como tal, mas isso não me preocupa nem um pouco.

Vocês já lançaram alguns materiais com bandas do exterior como AGATHOCLES e JAN AGX. Quais as repercussões deste tipo de lançamento na carreira da banda?
Charlie Curcio – Acompanho o Agathocles desde seu começo quando lançaram sua fita demo Cabbalic Gnosticism, e em 1994 lançamos uma split tape com eles. A repercussão sempre é a melhor possível, nos dois Split CDs procuramos gravar material novo e em estúdio, recebemos bons comentários tanto nos Split CDs como na fita de 96.


Vocês assinaram um contrato com a Cogumelo Records e irão lançar um CD. Como isso ocorreu? O que o público pode esperar deste material? Qual o nome do álbum?
Charlie Curcio – Conversando com o dono da Cogumelo, perguntei-lhe sobre a possibilidade de entrarmos para o selo,  ele me disse para prepararmos um material e o apresentarmos. Assim o fizemos e acabamos assinando o contrato para um CD que poderá ser lançado em outros formatos no futuro, como vinil e cassete. O álbum tem apenas o nome da banda, StomachalCorrosion, e vem com vinte e um sons mais uma introdução. É o primeiro material oficial nosso que conta com intro, eu particularmente não curto esse artifício no SC, mas principalmente nosso vocal, o Saulo, insistiu em incluirmos algo dentro do conceito de toda a arte da capa e encarte, e acabou dando certo. Ao meu ver este é um material muito bem feito e pensado por toda a banda, está muito pesado, rápido e em um estilo bem uniforme em todos os sons. A qualidade da gravação está muito fudida. Esperamos que os maníacos por som no nosso estilo curtam.

Underground no Brasil é?
Charlie Curcio – Levo a vida no meio underground muito a sério, e esta seriedade é refletida no meu trabalho em minha banda. Mas, ainda tem cara que acha que ter banda e fazer um zine, blog, site ou ainda organizar shows é brincadeira de moleque sem nenhum compromisso. Ainda aparece muito aventureiro metido a ”salvador da cena” pensando que fazer qualquer coisa de qualquer jeito é ser underground, podrão e estas viagens infantis. Ainda tem cara de banda mendigando palco em troca de ouvir “tô fazendo o favor de colocar voces pra tocar no meu show”. Ainda tem muito cara fazendo pouco caso de quem quer trabalhar sério, de armar um esquema satisfatório para todos no meio. Falta os caras acordarem para a realidade das coisas, saberem que só no dia que houver um entendimento e respeito no underground é que este meio será favorável para pessoas sérias e comprometidas permaneçam trabalhando por aqui. Ainda tem o velho caso de cara que monta zine, sites e blogs só pra receber material em troca de um comentário feito de qualquer jeito enquanto a coleção de material do editor só cresce e sem gastar nenhum centavo. De uns tempos pra cá até coisas de programelhos de TV tem ocorrido no meio underground, como sensacionalismos, documentários e vídeos que só trazem discórdia e intrigas por causa das trocas de ofensas por parte de pessoas que não sabem respeitar uns aos outros e se portam como os donos do estilo, seja Metal, HC, Grind, ou o que for.

Estamos encerrando nossa conversa. O espaço é de vocês. Mandem uma mensagem aos fãs e seguidores do grupo.
Charlie Curcio – Só posso agradecer pelas perguntas e o espaço para expor meus pensamentos com relação a alguns assuntos e apresentar a banda a quem ainda não a conhece e aos que já nos acompanham nesta trajetória corrosiva. E saibam, apoiar o underground não se resume a compartilhar mensagens e vídeos no Facebook e outros meios. Há de se saber que as bandas tem vários gastos constantemente para se manter, a criação de material é para tentar ajudar estes gastos. Se você gosta de determinadas bandas, compre seu material, vá aos shows e entenda que assim é o meio underground, esta é nossa cultura. Parem de boicotes e mimimis fúteis, vamos voltar a ter força e expansão, chega de tantas intriguinhas e futricagens.
Obrigado.

Contatos:
Facebook: Facebook.com/stomachalcorrosion



Entrevista Completa - Pagan Hammer Zine



Entrevista: STOMACHALCORROSION
Com: Charlie Curcio
Por: Hioderman ZArtan



01. Rapaz, quase duas décadas, ou mais, para eu entrevistar vocês novamente (risos)! E ai Charlie, comente ai um pouco desse retorno da banda aos estúdios, sendo que o SxCx é uma das lendas da nossa cena Grindcore, nem precisa muita apresentação, hehe!
Charlie Curcio – Pois é, meu velho, o tempo passa e a gente permanece firme no Underground, mesmo contra a vontade de uns (risos). O StomachalCorrosion deu uma parada em 2009 depois da apresentação no festival Roça’n’Roll, Varginha, e devido a umas mudanças na minha vida pessoal. Em 2013 voltamos à ativa, mas sem muito resultado. Só em 2015 é que as coisas engrenaram de vez, já em Belo Horizonte. Aqui os trabalhos tem sido constantes para tentar recuperar o tempo perdido e tem sido muito satisfatório. A volta aos estúdios se deram pra valer e alguns materiais tem saído aqui e ali.


02. Olhando aqui a discografia da banda, passou de 40 materiais lançados, dentre DTs, Splits, LPs, CDs, Compilações, etc., sendo que a banda foi formada em 1991 e o primeiro álbum oficial lançado foi o “Transtorno Obsceno Repulsivo”, em 2005, e, recente estão com um CDzão ai fudidasso. Como avaliar a estrada percorrida pela banda até os dias atuais. Satisfatória? Há algum trampo que vocês consideram que ficou acima do esperado e há outros que desejam regravar ou ajustar gravações com bônus em lançamentos futuros?
Charlie Curcio – Eu sempre gostei de incluir o SC em alguns lançamentos, mas primando em não colocar muito som repetido o tempo todo. Isso cansa os caras que pegam material por aí. Por isso, e devido às minhas mudanças de cidade e de formação da banda, que não temos muito material lançado e o primeiro CD cheio nosso só saiu em 2005, justamente o Transtorno... O novo CD, chamado apenas StomachalCorrosion (sim, escreve-se junto mesmo), vem depois de trezes anos de muita letargia e agonia para tentar fazer algo de qualidade, e considero que conseguimos. A atual formação conta com caras experientes. O Fred, batera, já tocou em outras bandas, como a grande Mata Borrão, banda clássica em BH. O baixista, Hash Golem, já foi do Impurity e rodou em outras bandas. Só nosso atual vocal que está debutando em bandas, mas é um cara que já está no cenário há alguns anos e tem contribuído muito com sua maneira de enxergar a música pesada. Sobre materiais que pense mereçam um nova chance (risos), vejo os sons do CD 5-Way Grindattack como os que precisam de regravações, tanto que neste novo CD incluímos um som deste CD, As a Kick in Your Head.


03. O Split com o Agathocles, pra mim um dos CDs mais fodas já lançados, pois reúne duas lendas. Como surgiu o convite e após, rolou algum convite para tour com os caras ou algo na linha?!
Charlie Curcio – O lance todo começou quando o Jan me pediu para resgatar um material que estava nas mãos do Altemar Pereira, que seria um LP ao vivo, o qual chamaria Live in Stavenhagen. Entrei em contato com o Altemar, peguei o material e sugeri um Split, pois estávamos para entrar em estúdio, mas não tínhamos uma quantidade suficiente de sons para um CD cheio só nosso. O Jan, agindo estranhamente aceitou fazer um Split (risos). Ofereci o material para alguns selos, que, pra variar, já tinham uma quantidade enorme de lançamentos previstos e não poderiam nos lançar (esta é uma constante na história do SC), até que o Sérgio Giacomassi, aceitou lançar pela sua No Fashion Rec. Em conjunto com a Heavy Metal Rock. Sobre ir à Europa, não, não rolou nenhum convite pra ir por lá. E também nem tínhamos grana para tanto, portanto nem pensamos nisso.


04. Sim, falando em tour, o SxCx já fechou alguma data de tour fora do país? Como você avalia essas parcerias de bandas para fazerem tours ou até mesmo as “agencias undergrounds” atuais que estão a auxiliar as bandas neste sentido?
Charlie Curcio – Já cheguei a pensar muito em tocar na Europa, mas acho que ir só por ir, e não ter uma constância acaba entrando no esquecimento dos caras por lá. O legal é fazer um nome no continente primeiro, lançar e mandar material aos montes por lá. Nós nunca tivemos uma expansão boa por lá, imagino eu, então ir, passar um perrengue desgraçado, gastar dinheiro que nem temos direito, constituir dívidas na volta e nunca mais voltar para novas turnês, não vejo viável para o SC. Quem quiser fazer estas coisas, que o faça e seja muito feliz, falo por mim e por minha banda e os caras que estão comigo nela. Sobre as agências, bem, tem uns caras sérios, mas tem uns que mandam proposta que só em ler já desisto, pois o esquema de certos caras é tão tosco que é como se eles dissessem algo assim: Olha, eu conheço uns caras lá na Europa, vou dizer que voces estão indo pra lá, eles vão tentar colocar voces em alguns shows, mas não é certo. Certo mesmo é que voces terão que pagar todas as suas despesas de ida e volta, e também as minhas, como passagens, estadias, rango, traslado, etc. Ou seja, uns caras arrumaram um meio de fazer turismo às custas de uns mendigos de palco. Isso comigo não cola, mas mais uma vez digo: quem acha que estes esquemas são viáveis que sigam em frente e que tudo seja legal para todos.


05. Cara, o que tu tens ouvido atualmente de bandas que você poderia indicar? Tipo, eu creio que muitos têm a visão de que o cara toca um estilo e só ouve aquilo direto. Eu mesmo curto uns progressivos e até uns harsh antigos, ou seja, curto conhecer novos estilos, mas, o SxCx foca única e exclusivamente no Grindcore para criar as linhas de suas músicas?
Charlie Curcio – De bandas eu realmente ouço muita coisa. Quando comecei a ouvir música pesada não existiam os sons mais extremos que temos hoje e de uns tempos pra cá, então aprendi a “acumular” boas bandas para ouvir, sendo assim posso dizer que ouço de KISS e Iron Maiden, até Napalm Death e ExNxTx, de Holy Terror a Discharge, passando por Ultra Passiv, Accept, The Mist, Sarcófago, Psychic Possessor, e por aí vai. Sobre a forma de compor... cara, confesso que por um pequeno período eu me influenciei demais por algumas bandas, e cheguei a pensar que o SC poderia estar inserido no nicho destas bandas, o que me rendeu alguns comentários pejorativos como parecendo uma cópia de algumas delas. Mas, com o tempo a gente vai crescendo, vai amadurecendo e largando as infantilidades de lado. De um bom tempo pra cá acredito que entendi o que a banda exige não só de mim, que componho boa parte do material, como dos demais membros, e nos situamos melhor na forma de fazer todo o material, procurando estar no que é nossa própria identidade, sem querer estar pendurado no saco de nenhum falso ídolo do underground.
  

06. Essa é clichê mas, vocês tem outros projetos musicais além do SxCx?
Charlie Curcio – Eu já tentei começar uns projetos, mas não foram à frente, então de dedico exclusivamente ao StomachalCorrosion. Os demais caras eu acho que também não tem nada sério. O nosso baixista vez por outra toca em umas bandas. Todos somos muito concentrados no que o SC faz hoje em dia.


07. A formação atual do SxCx está fixa?
Charlie Curcio – Espero que sim (risos). Somos hoje: Saulo nos vocais, eu, Charlie, na guitarra, Hash Golem no baixo e o Fred na bateria.


08. Rapaz, e esse box set ai via Cogumelo Records? Como surgiu a ideia e, quais os atrativos deste lançamento?
Charlie Curcio – Eu trabalho na Cogumelo e tenho muito orgulho disso. Em algum momento em nossas conversas, joguei a proposta ao João Eduardo dele nos contratar, ele disse pra fecharmos a formação, compormos um material novo e mostrar pra ele. Isso junto ao fato de que, segundo ele mesmo, todo o material da banda que chegou na loja fora vendido, nenhum encalhou e também por sermos uma banda antiga, já rodada, com o nome consolidado no cenário e tendo aparecido em muitos lugares, isso ajudaria na questão de divulgação e apresentação deste novo CD. Sobre atrativos, o CD vem com vinte e um sons, uma arte simples, mas muito fudida feita pelo talentosíssimo Fernando Drowned. E contará com uma edição especial em cem peças de uma caixa de madeira com um CD, uma camiseta exclusiva, um adesivo e um pôster. É algo bem legal e meio raro para uma banda Grind do Brasil. Sei que alguns caras estão torcendo seus narizes para estas coisas ao nosso respeito, mas estes mesmos caras são os que pagam caro por um mero compacto de uma banda gringa. São os mesmos que criticam o preço de uma fita profissional importada, mas acham legalzinho pagar caro por qualquer coisa de alguma banda de fora e ainda postam no Facebook todos cheios de orgulhinho por ter conseguido tal material. 

  
09. Destes 21 sons, são todas composições suas? Qual a temática lírica abordada neste CD? Pergunto, pois, em se tratando de GrindCore, logo vem à mente ser somente a barulheira/tosqueira de garotos de 15 anos tocando feito loucos, kkkk!
Charlie Curcio – A maioria dos sons foi eu que compus e escrevi as letras, mas há música e letras de todos. E não costumo nomear cada faixa com o nome de quem compôs e escreveu a letra, ao meu ver tudo é um trabalho conjunto e pertence à obra da banda, não de uma pessoa só. Sobre os temas, temos de tudo um pouco, como críticas sociais, ironias ao meio Underground, fatos ocorridos no Brasil recentemente, como o homicídio em Janaúba. A barulheira tosca a que você se refere, deve ser quanto ás bandas Noise Core, certo? Este é um estilo que não estamos inseridos, mas é um que caminha meio que em paralelo ao Grind sim.

10. Certamente que um trabalho tão primoroso deste, e, sendo que as caixas/boxs estão sendo confeccionados no velho D.I.Y., acho massa demais isso..., essa tiragem mínima seria pelo alto custo ou por representar somente por vocês terem a noção que estas poucas são o suficiente? Ou seja, “quem pegou, pegou, quem não pegou, dançou?!”.
Charlie Curcio – Os custos de produção destas caixas especiais são altos, demanda tempo e dedicação constante. Tudo é sempre feito por mim, pinto à mão todas, mando fazer os adesivos, os pôsteres e os corto um por um. As camisetas eu que aprimorei o desenho, acertei com a serigrafia que as imprimiu, e também dobrei todas e vou colocando dentro de cada caixa com os demais itens. Ou seja, Faça Voce Mesmo realmente. Sobre a quantidade, acho que cem peças é o suficiente e as pré-vendas sempre ajudam a viabilizar a produção, e confesso que quem pegou pegou, quem ficou pra pensar e ver com calma e mais pra frente, o famoso “fica pra próxima”, vai ficar sem mesmo. Mas, estes nem devem ter interesse neste lançamento, como eu já disse anteriormente, este caras sempre tem outras bandas melhores pra investirem.

11. Você citou algo que tenho ouvido muito ultimamente: “Já estou envolvido com muitos lançamentos”; mas, o que mais vejo são lançamento cooperativos, eu mesmo fiz muitos com parceria de oito selos ou mais. Você acha que este tipo de lançamento cooperativo é valido para a banda? Visto que, para os selos fica muito limitado pois o que é de certo é que divulga muito, mas, os selos ficam regrados a poucos pontos pois sendo muitos selos, maior o alcance do mesmo em questão de regiões.
Charlie Curcio – Cara, eu acredito que cada um na sua, se alguém acha que fazer cooperativas é uma boa, que as faça. Não vejo problema nenhum em um dia o StomachalCorrosion entrar em um esquema de lançamento por vários selos. Mas, confesso que antes de receber a proposta da Cogumelo meu pensamento era de ficarmos independentes e lançarmos e distribuirmos nossos lançamentos, como temos feito com algumas camisetas, a cassete Kaos em Betim e o 3-Way Nipshit (SC, Cleptophagia e Perfusion Blood). Isso justamente por eu ter cansado de oferecer o trabalho de minha banda a muitos selos e receber a mesma respostinha de sempre. Se não tem interesse por minha banda, eu mesmo me viro e faço como puder. Nestes tempos em que tudo ofende e traumatiza esta geração de isopor, é melhor ficar quieto e trabalhar sozinho, do que mandar um FDP diferente se fuder todos os dias.

12. Meu amigo Charlie Curcio, agradeço imensamente a boa conversa e por ceder um pouco de seu tempo para responder esta humilde entrevista, agradeço e deixo aqui o espaço para o amigo relatar algo mais que tenha interesse...!
Charlie Curcio – Muito gratificante voltar a responder uma entrevista sua, meu velho camarada Hilderman. Voce é um cara que sempre apoiou o StomachalCorrosion, mesmo não podendo sempre, mas vez por outra arruma uma maneira de ajudar. Eu que agradeço a você, ao Sandro e ao fudido zine pelo espaço para colocar minhas falas, que nem sempre são satisfatórias para falsos, fracos e derrotados, gente que se esconde em suas máscaras hipócritas e cheias de regrinhas pífias, boicotes infantis e discursos recheados de escrota demagogia. Sim, a corrosão segue seu curso. Abraço e vamos em frente... Sejam Felizes!

Contatos:
E-mail: charliefcurcio2@gmail.com
Site: facekook.com/stomachalcorrosion
www.stomachalcorrosion.blogspot.com.br 

                             

Entrevista Completa - Bulla Extrema



1) O que significa o nome da banda para você?
Charlie Curcio – Na realidade o nome StomachalCorrosion (escreve junto) não tem nenhum significado, é mais de uma época em que eu tinha alguma influência de Spplater,o que ocorreu com muitos caras naqueles tempos quando o Grind estava iniciando. Mesmo com letras de cunho social e de protestos, os caras pegavam algumas coisas nojenta do Spplater, e comigo não foi diferente.

2) QUEM É A BANDA?
Charlie Curcio – A gravação do novo CD foi realizada comigo nas guitarras, o Saulo nos vocais, Fred bateria e Xande na bateria.

3) QUE GRIND / NOISE / BANDAS INDUSTRIAIS VOCÊ SABE DA AMÉRICA DO SUL?
Charlie Curcio – Tem muita coisa rolando, lembrar de nomes é sempre uma tarefa complicada, sempre esquecemos muitos nomes de camaradas e suas bandas, o que é injusto. Mas, há bandas como Gale, DxOxMx, Bichera, Shitfun, Expurgo, Cleptophagia, Perfusion Blood, Mata Borrão, Síndrome do Ódio, Ilha das Flores, Óbito, Atack Epilético...

4) COM QUE MATERIAL CONTÉM?
Charlie Curcio - Atualmente estou divulgando e vendendo o novo CD, chamado apenas “StomachalCorrosion”, lançado pela lendária gravadora Cogumelo Records, junto à sua licenciada nos EUA, GreyHaze Records e distribuição no Brasil da Voice Music. Mas, o SC conta com uma pequena lista de lançamentos e participações por aí afora.

5) O desfasamento do planeta é iminente ... Qual é a perspectiva da vida no que vem?
Charlie Curcio – Acredito que haja muita questão de mídia em todos os fatores da vida. Lembro que quando eu tinha uns dez anos, na TV passava que nos anos 2000 o planeta estaria destruído, e ainda que andaríamos em passarelas suspensas, vestiríamos roupas de plástico e estas loucuras. Hoje ainda temos muitas áreas do planeta dominadas pelo verde e mais e mais pessoas, ONGs e até governos agindo para proteger matas, florestas, mares, animais e tudo mais. Muitas pessoas plantam em casa de maneira bem simples, surgiram os alimentos orgânicos e tudo mais. Claro que não está bom, que tem muito o que mudar, mas assim é a vida. Cabe a cada um de nós saber cuidar dos lugares por onde andamos e vivemos. Muitas pessoas falam e não fazem nada, então não podemos esquecer as que falam pouco e fazem mais.



6) QUAIS SÃO SEUS FILMES DE TERROR / GORE PREFERIDOS?
Charlie Curcio – Eu assisto a praticamente todo tipo de filmes, e os de Terror e Gore estão numa boa parcela no meu gosto. Os preferidos sempre são os clássicos, como O Exorcista, Um Drinque no Inferno, Náusea Total, A Profecia, Terror em Amytiville, O Grito, Nosferatu (1922), O Gabinete do Dr. Calligari, O Corcunda de Notredame, etc.

7) FANZINES / LIVROS PREFERENCIAIS
Charlie Curcio – Sou um cara que ainda leio e coleciono fanzines físicos até hoje. Já editei zines (Merda, Crazy Invasion e La Kudrilo), valorizo demais este trabalho. Recentemente saí em uma publicação de vários anos aqui no Brasil, o Deliver Metal Zine, feito por um velho amigo, André Deliver,e  foi uma grande satisfação ser entrevistado por ele. Engraçado que minha entrevista fala mais dos velhos tempos do Metal do que da minha banda e seu atual momento (risos).

8) UM COM UM: (COLOCAÇÃO QUE SIGNIFICA PARA VOCÊ OU QUE VEM A PALAVRA EM SUA OPINIÃO)
-VIDA:
Charlie Curcio – Tenho uma postura na minha vida que resume bem como vivo: A vida é para ser vivida como se fosse uma aventura. Não costume perder tempo com bobagens e pensamentos derrotados, choradeiras e desânimos.
-MORTE:
Charlie Curcio – Uma certeza que um dia chegará para todos, então vamos viver da melhor maneira que pudermos e deixar um legado de trabalho e algo legal para as pessoas curtirem.
-ÓDIO:
Charlie Curcio – Ame seu ódio, já diz a canção. Odeie os políticos, os mentirosos, os derrotados, os que se escoram no Estado como comedores de migalhas, os pilantras do underground, a imprensa tendenciosa, os marqueteiros políticos, as empresas que patrocinam partidos políticos, odeie ditadores e seus defensores! Enfim, odiar ainda é uma solução para viver melhor.
-MISANTROPIA:
Charlie Curcio – Não passa de um sentimento de resposta, de retorno.
-SURREALISMO:
Charlie Curcio – Amo esta linha de arte e sua riqueza de detalhes.
-NIHILISM:
Charlie Curcio –Também vejo como uma resposta, uma consequência de uma vida social recheada de frustrações com a própria espécie.
-NOISE:
Charlie Curcio – Não é meu estilo de música preferido, mas respeito e tenho vários camaradas que por este meio protestam e fazem sua forma de contribuição.

9) A tecnologia oferece AS removido, E TEM na indústria de verificação E VÍDEO AUDIO ... CONSIDERADAS ANOS permanecerá o mesmo?
Charlie Curcio – O ser humano e o Mundo vivem em um ciclo permanente, além de erros de perspectivas e análises. Quando surgiu a TV, falavam que o rádio morreria. Quando o CD surgiu, falavam que o vinil morreria. Com a Internet falam que todos viveremos isolados e depressivos, mas somos assim desde sempre e mais e mais pessoas tem procurado o convívio pessoal em parques, centros e tudo mais. Vejo que algumas pessoas estão acordando para esta realidade e tentando voltar aos velhos tempos. Claro que não podemos generalizar nunca!

10) VOCÊ ACREDITA QUE A AUTO-DESTRUIÇÃO DO SER HUMANO É INEVITÁVEL?
Charlie Curcio – O ser humano se destrói desde que surgiu. Quantas guerras, conflitos e batalhas ocorreram no decorrer da história? O que mudam são os meios de controle populacional. Já percebeu que quando a população parece expandir de maneira exagerada, algo grandioso ocorre e milhares de pessoas morrem?
11) QUEM SÃO OS MAIS RECENTES DO GRIND / NOISE / INDUSTRIAL NO SEU PAÍS / ÁREA?
Charlie Curcio – Temos muitos caras bons fazendo bons barulhos por aqui. Posso destacar Desalmado, Certo Porcos, Putrificação, Dor de Ouvido, Sebuk Excess Production, Social Tumor, Sadistic Pathology, Aberração, More Time to Death, Confusion e mais...


12) PRÓXIMAS PRODUÇÕES
Charlie Curcio – Estamos com um novo CD, e ele tem uma edição limitada de um caixa feita de madeira com camiseta exclusiva, pôster e adesivo, além de outros brindes, como patch e flyers. Interessados, entrem em contato comigo agora mesmo!

13) ALGO MAIS QUE ADICIONAR
Charlie Curcio – Agradeço muito pelo espaço, interesse e entrevista. Acredite sempre em você mesmo, não caia nas conversas de pessoas que só querem de foder e sugar seu sangue e suor. Faça o que puder para viver em um mundo melhor para você e os demais, mas não espere que outros façam o mesmo, cada um fazendo por si, já é um bom começo e caminho! Obrigado e entrem em contato para pegar nosso novo CD. Obrigado e Seja Feliz!




Entrevista Completa - Rock Meeting Nº 107


  
O SC está na ativa desde 1991, mas a última formação está consolidada desde o ano passado. A que você acha que se devem todas essas mudanças?
Charlie Curcio – Acredito que a maioria das bandas undergrounds, senão todas, passam por este problema. No meu caso propriamente, junto ao desinteresse de alguns caras que passaram pela banda, o fato de que fui obrigado, por circunstâncias da vida, a mudar muito de cidades e até de estados, isso acarretou a inevitáveis mudanças na formação. Como sou o único que foi ficando da formação original, acabei herdando as responsabilidades com relação à banda.

Pra vocês, como é ter uma banda de grind no Brasil? Você acha que existe algo de diferente na cena nacional atualmente?
Charlie Curcio – Vejo que hoje o Grind está em um ponto interessante. Diferente dos anos 90, quando houve um boom do estilo, com várias bandas Grind assinando com grandes gravadoras, hoje noto que as coisas permanecem no underground, mas as bandas conseguem ter um bom trabalho, lançar discos cada vez melhores e as gravadoras, mesmo pequenas, tem uma estrutura profissional. É claro que tem aqueles que não querem sair do gueto, dos pequenos shows e dos lançamentos em formatos como CDr, e até fitas cassetes gravadas sem muita preocupação, mas entendo que este é o espírito do extremo underground que persiste. De minha parte, acho que já fiz este alicerce, hoje tenho uma preocupação cada vez maior com a qualidade do trabalho, mas com o cuidado de não perder as características que acompanham a banda desde seu início. O fato de termos entrado no catálogo da Cogumelo, Voice Music e GreyHaze muito me orgulha e é um passo muito largo, vários degraus galgados.

Atualmente como está a cena em BH? Temos visto alguns shows internacionais que vão pra cidade, mas como estão os shows nacionais?
Charlie Curcio – BH é uma metrópole, acontece muita coisa aqui o todo tempo. Temos muitas ótimas bandas, excelentes músicos que buscam o melhor sempre. Claro que aqui também encontramos aproveitadores, aventureiros, espertalhões de plantão que utilizam dos nomes das bandas para se alto-promover e os produtores que se acham mais ídolos que os músicos. Mas, isso é inerente de todos os lugares, e cabe a quem trabalha sério se desvencilhar destes caras. Shows de bandas nacionais são uma constante por aqui. Nos finais de semana acontecem vários eventos ao mesmo tempo, com uma gama rica de artistas. O que sempre falo é que este cenário musical daqui tem que ir para outros centros, seja as bandas irem tocar fora ou trazer o público para cá.
                                
Em setembro vocês lançarão seu segundo CD, como foi o processo de gravação dele?
Charlie Curcio – O processo todo foi cansativo (risos). Nós utilizamos o mesmo estúdio que temos gravado outras vezes e onde também ensaiamos de vez em quando, então tudo fica mais fácil assim, pois todos se entendem melhor, a dinâmica flui muito melhor. Pela primeira vez recorremos a outro estúdio apenas para a masterização final, processo mínimo só para chegar aos níveis ideais exigidos pela gravadora. O cansativo a que me refiro é quanto ao tempo que demoramos para finalizar, mas foi preciso para chegar ao alto nível que o material apresenta.

Como é o processo de composição de músicas e letras pra vocês? No que vocês se inspiram?
Charlie Curcio – Nosso processo é o mais simples possível, ou seja, eu crio algumas bases na guitarra, que servem de esqueleto para um novo som, daí no ensaio vamos moldando até finalizá-lo. Hoje temos uma formação de caras experientes no estilo, então quando apresento esta estrutura inicial eles já vão propondo os acréscimos, encaixes e mudanças. As letras são quase todas eu que escrevo também e me inspiro no que há de pior no mundo (risos). O ser humano nos proporciona muito tema para letras. Este novo CD tem algumas letras que falam até do caso em Janaúba, em que um rapaz ateou fogo em crianças na creche da cidade. Há ainda temas que tratam de assuntos de psicopatia, de cunho social e até crítica ao próprio underground, onde alguns caras se portam como donos do meio e do estilo.
                                            
Como foi o processo de contrato com a Cogumelo?
Charlie Curcio – Eu trabalho na Cogumelo, então tudo ocorreu meio que por osmose. Antes de eu morar em BH, a loja já teve outros lançamentos nossos e sempre vendeu muito bem, nunca encalhou, isso ajudou para criar um interesse por nós da parte dos donos da Cogumelo. E o CD novo foi feito especialmente para este lançamento, mesmo tendo algumas releituras de sons que já havíamos lançado de maneira amadora recentemente e até um som antigo, que saiu no CD 5-Way Grindattack, As a Kick in You Head.

Quais são os planos do SC após o lançamento do CD? Podemos esperar mais shows?
Charlie Curcio – Sim, estou trabalhando nisso já, fechando o máximo de datas possível. Inclusive temos uma proposta de uma mini turnê no nordeste para o primeiro semestre de 2019, quem sabe fechamos algo em Maceió, seria um prazer! Também tenho divulgado ao máximo este lançamento, e o nome da Cogumelo e ainda GreyHaze e Voice Music ajudam demais, claro. Sairá uma caixa especial feita de madeira, incluindo o CD novo, uma camiseta exclusiva, adesivo e pôster.
                                  
Agora o espaço é de vocês: Deixe algumas palavras para nossos leitores.
Charlie Curcio – É uma satisfação novamente figurar na revista, a qual acompanho desde o início, agradeço muito o espaço e atenção. Espero podermos em breve tocar para os maníacos de Maceió e região. Acreditem em voces, não caiam em discursos demagogos desta classe política deste país, pensem bem antes de declarem apoio e defesa a algum destes nomes. E não permitam que o underground seja um reduto de derrotados, que os shows continuem sempre lotados, que a força da música pesada seja cada dia mais expansiva e forte e nossa cultura a nossa liberdade. Obrigado a todos e sejam felizes.
                                  

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Entrevista Completa - Fanzine Mosh Nº18



1. O StomachalCorrosion passou por um período de hibernação e retornou lançando o split cassete Somos Todos Ratos de Esgoto, juntamente com os portugueses do Disfigured Human Mind, em 2016 e participa do CD 3-Way Nipshit com as bandas Cleptophagia e Perfusion Blood no início de 2017. Agora em 2018 recebemos a excelente notícia do lançamento de um novo play de inéditas, o qual será lançado no segundo semestre pela Cogumelo Records. Fale-nos sobre esse novo trabalho.

Charlie Curcio - Desde que voltamos em definitivo, no final de 2015, que Fred (bateria) e eu estamos em uma constante de composições novas e tirando algumas antigas. Ao mesmo tempo que buscávamos uma formação fixa para melhor desempenhar todo o processo. O novo CD é o resultado definitivo de todo este empenho. Os trabalhos lançados nesta etapa da banda em BH, junto à fita ao vivo Kaos em Betim, fazem parte desta maturidade da atual formação e nos ajudaram a chegar ao que apresentamos no novo CD. Falando do lançamento em si, ele tem vinte e uma músicas e uma intro. É a primeira vez que usamos o recurso de Introdução em um lançamento nosso, uma proposta de nosso vocalista, Saulo, e eu desenvolvi a ideia ali apresentada.

                                                        

2. Como foi o contato da gravadora Cogumelo Records junto ao StomachalCorrosion para o lançamento deste play? Vocês já estavam há um bom tempo sem lançar material e com certeza deve ter sido bem difícil conseguirem um selo disposto a lançar o álbum de vocês, levando em conta a atual crise do mercado fonográfico.
Charlie Curcio - Mesmo com a tal crise fonográfica a Cogumelo Records segue lançando e relançando. Na loja eu sempre deixei estes recentes itens que temos feito, e por sorte, tem vendido muito bem, assim como os antigos materiais do SC, os splits com Jan AGx e Agathocles, assim como o CD Transtorno Obsceno Repulsivo. Conversando com o João Eduardo sobre uma possibilidade de entrarmos no catálogo riquíssimo da gravadora, ele disse certa vez para reformularmos em definitivo a banda, compormos novo material e o mostrarmos. João ainda completou que não teria problema em nos contratar uma vez que a banda é antiga, tem história e um nome já consolidado no meio, o que não acarreta tanta promoção e apresentação. Ou seja, ele mostrou também seu lado empresarial no ramo musical. E foi o que fizemos ao levarmos os sons presentes no 3-Way Nipshit, até porque esta nossa gravação contou com o Rodrigo F. (Holocausto, Certo Porcos) no baixo. Ele ouviu, gostou e nos incentivou a compor um material para um CD cheio. Sobre outras gravadoras, sim, eu sempre ofereci nosso material a outros caras, mas eles sempre tem outros títulos para lançar, sempre estão muito ocupados com suas gravadoras, são caras mais ocupados e atarefados que uma gravadora como a Cogumelo Records. E confesso que nosso pensamento era o de sermos independentes, mas recebemos este convite e abraçamos com toda força.


3. As dificuldades estão grandes para todos, sem exceções. Não importa se você é uma banda iniciante ou não. Como vocês acham que as bandas podem se movimentar para superarem esses obstáculos, em questão do lançamento de seus trabalhos?
Charlie Curcio - Dificuldades sempre existiram. Antes era falta de condições para comprar equipamento e instrumentos de qualidade, divulgação, entrar em uma gravadora descente e ter o trabalho reconhecido e conhecido. Entrevistas como esta eram feitas por correspondência e demorava às vezes até um mês entre o envio das perguntas, o recebimento, edição e diagramação nos zines e revistas. O que aprendi com o tempo é que neste meio o melhor é conquistar espaço, não comprá-lo, e isso se consegue com credibilidade, sinceridade e trabalho, dedicação e amor ao que se faz. Além de saber se desvencilhar dos derrotados que surgem vez por outra, vomitam suas regrinhas mediante suas vidinhas dentro de celas e depois somem, deixando um rastro de infelicidade, rótulos e boicotes.


4. Vocês com certeza são um dos pioneiros no estilo aqui no Brasil. O Stomachal surgiu na carona daquele grande boom do Grindcore mundial no final dos anos 80 / início dos 90, com o ápice de bandas como Napalm Death, Carcass entre tantos outros. Podemos perceber que sempre mantiveram essas influências dentro do trabalho de vocês, colocando o estilo e o toque pessoal da banda em tudo. Não importa o quanto tempo se passe, a personalidade tem que permanecer, não?
Charlie Curcio - Todos começamos imitando alguém, com o tempo vai-se moldando uma personalidade, mesmo permanecendo fiel ao estilo inicial. Voce acertou nas bandas que me influenciaram a moldar o embrião do SC no final de 1990, começo de 91, além de outras mais, porém com tantas decepções e frustrações no decorrer de quase trinta anos, a preocupação de não parecer com certos nomes viu-se necessário. O que agradeço a certos hipócritas que conheci, convivi e até admirei, eles me forçaram a fazer, junto aos companheiros de hoje e de outras formações, um trabalho que encaro como de certa maturidade e identidade própria.


5. Falando do Grindcore, você acha que o estilo foi um pouco “engolido” por outros estilos mais escolhidos pelas bandas iniciantes ou existe uma renovação acontecendo na cena? E nessa renovação, cite algumas bandas que se destacam no cenário Grindcore.

Charlie Curcio - Primeiro que nunca acreditei e nem me senti inserido em uma cena. Até cheguei a pensar que isso existia, mas esta ideia durou até ler algumas páginas de algum fanzine qualquer ainda nos anos 80. E é claro que alguns pontos cruciais e característicos do Grindcore foram absorvidos por outros estilos, principalmente quando bandas grinders assinaram com gravadoras maiores e suas maneiras de compor chegaram a mais caras que montavam suas novas bandas. Vejo isso muito natural, afinal, depois do From Enslavement to Obliteration, do Napalm Death, 99% dos vocalistas que surgiam faziam o que Lee Dorian "popularizou" naquele álbum. Sobre novas bandas, esta é sempre uma questão injusta, pois é inevitável não citar alguém, mesmo que esteja sempre presente nosso equipamento de som, mas posso citar nomes que até brincam comigo dizendo que são "filhos do SC" (risos), como BAGA e Expurgo, além de verdadeiros cataclísmicos como Desalmado, Facada, Expose Your Hate, Test e Tumbero.



6. Voltando ao novo play “StomachalCorrosion”, como vocês planejam divulgá-lo?

Charlie Curcio - O de sempre, tocando ao vivo o máximo possível, fazendo material promocional tanto físico como virtual. Tanto que iniciamos as pré-vendas três meses antes do lançamento mundial e foi uma boa ação. Também contamos com mais fanzines e revistas, assim como blogs e sites, para responder mais entrevistas, comentarem nosso álbum, etc.

                                 

7. Os shows ainda são a grande vitrine para a divulgação, não? Sendo vocês especialistas no assunto, já possuem algo em mente, em termos de uma possível turnê?
Charlie Curcio - A tradução do nome em si já diz tudo, mostra. Assim deve ser encarado o ato de ir à um show, conhecer novas bandas, curtir as que já conhece e estar com os conhecidos. Portanto, sim, os shows ainda são um momento mágico para qualquer banda. Poucas não tem interesse em tocar ao vivo. Sobre turnês, no Brasil uma banda como a nossa sofre vários percalços para fazer uma turnê, principalmente devido a aventureiros e preguiçosos, pedantes e esnobes que se metem a ser "produtores" de eventos por aqui. Poucos encaram a tarefa de organizar realmente um show de maneira respeitosa para com as bandas e público. Outros ainda se acham os ídolos intocáveis que pensam estar fazendo um favor às bandas. De qualquer forma temos alguns convites de caras sérios para tocamos em algumas cidades, inclusive proposta para uma mini turnê no nordeste em 2019.


8. Neste período em que vocês permaneceram um tanto quanto fora do cenário, o público de vocês sempre pediu pela volta do Stomachal em definitivo. Sempre foi uma constante nas redes sociais da banda esses pedidos. Como o público de vocês recebeu a notícia desse novo trabalho de inéditas?
Charlie Curcio - Realmente vários caras chegavam até mim nos lugares e até via internet falando que o SC tinha que voltar e tal. Isso é muito legal e gratificante. E a entrada do Fred na banda se deu meio que assim, a gente se conheceu num show do Olho Seco em BH e numa rápida conversa ele disse que conhecia a banda e que eu deveria voltar, respondi que se aparecesse ao menos um batera interessado até voltaria de vez, ele falou que tocava bateria e que toparia. Quanto receptividade deste novo trabalho e ainda via Cogumelo Rec., os comentários e reações foram os melhores possíveis. Muitos camaradas nos parabenizaram e diziam curiosos para sacar o quanto antes o CD.


9. Muito gratificante esse reconhecimento, não? Após tantos anos na luta, manter um público fiel, que acompanha o trabalho de vocês, com certeza é um grande incentivo para o Stomachal continuar seguindo no front, não é?

Charlie Curcio - Com toda certeza. É algo que a gente só nota quando para. É como alguém que morre e vira "a melhor pessoa do mundo" (risos). Mas, tenho, particularmente, muito orgulho de cada show que o StomachalCorrosion tocou desde seu início, pois por onde passamos fizemos e fazemos amizades e são estes caras que nos dão esta força motriz para seguir em frente, fazendo o que curtimos e da maneira que queremos.

10. Durante esses anos, muita coisa mudou dentro da cena, em termos de comportamento, estilo, divulgação e principalmente a participação efetiva do fã. Como vocês encararam a parte negativa do avanço da internet, que entre outros males, trouxe uma grande debandada do público em shows e a pouca procura pelo material físico, algo que para nós que acompanhamos a cena há vários anos, parece inconcebível, mas se tornou uma triste realidade?

Charlie Curcio - Encaro estes pontos de maneira muito simples, se alguém não vai à um show, acredito que quem perde é só esta pessoa. Se não compra um material das bandas, não vai ao show, e fica de compartilhar na internet "Apoie a Cena" e estas bobagens, este é mais um hipócrita. Claro que cada um tem sua vida e tal, mas o meio underground é composto por estes costumes, ou seja, ir aos shows, ter e se orgulhar do material que tem. Imagine se as bandas pararem de toca ao vivo, se desinteressarem de compor e gravar para lançar algo físico. Que mundinho sem graça teremos, o da música virtual feita para pessoas de plástico.



11. O retorno gradativo de formatos físicos mais antigos, como o vinil e o cassete, mostram um certo inconformismo de uma parte do público com essa situação atual que eu citei na pergunta anterior. Como vocês encaram esse resgate, se é assim que podemos nos expressar sobre esse fenômeno?
Charlie Curcio - Se pararmos para pensar que quando a televisão surgiu as pessoas falavam que o rádio iria morrer, que o CD iria matar o vinil, etc., este momento de retorno aos formatos de antes é algo natural. Eu mesmo e muitos conhecidos nunca deixamos de ouvir e ter fitas cassete, vinis e revistas. Vejo que de uns tempos pra cá a ordem de certas ações se inverteu. Antes eram as gravadoras que ditavam as regras, hoje o público que comanda e dita o andar da carruagem. Lógico estou falando de música de verdade, não do que rola na base do "jabá" no rádio e TV, com porcarias ditas como artistas e que em poucos meses somem do mapa para virem novas porcarias. Quem fez o vinil ter valor novamente? O público ouvinte e colecionador do formato. O mesmo com as fitas e até com o CD. Logo as pessoas resgatarão aquelas máquinas de fotografar com um olho fechado e outro colado na máquina (risos).


12. E como vocês se posicionam sobre as plataformas digitais? Acham uma ferramenta útil nos dias de hoje?
Charlie Curcio - Confesso que uso, mas até certo ponto. Atualmente sigo a maioria e me limito mais ao Facebook e nossa página, mas criei um blog com novidades, fotos e tudo mais relacionado ao SC, além de um site de vendas de nossos lançamentos. É a atualidade, né? Nos anos 90, quando os Correios surgiram com as Cartas Sociais, quase ninguém pagava mais do que R$0,01 para enviar correspondência e era a inovação daqueles dias (risos).


13. Agradecemos imensamente ao StomachalCorrosion, por nos atender com muita atenção e rapidez, parabenizamos pelo lançamento desse novo trabalho e pedimos que deixem uma final aos leitores do Fanzine Mosh.

Charlie Curcio - Nós que agradecemos enormemente a voces pelo espaço. Acompanho o Mosh de longa data e é muito satisfatório estar, finalmente, entrando em suas páginas. Agradecemos ao André, Calixto e toda equipe pelo espaço e pelo excelente e sincero trabalho. A quem leu esta entrevista, honre o fato de voce fazer parte deste meio, de ser um ser underground, não faça concorrência com os políticos em termos de discursos demagogos, nós somos uma galera diferente, não deixemos este meio enfraquecer e esmorecer. Quando voce for a um show e seus camaradas preferirem ficar assistindo alguma porcaria na tv ou colado no celular e pc, responda a eles que o local estava lotado, que foi 'ducaralho' e tudo mais. Não caia no erro dos derrotados. Abraços e sejam felizes. 


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