quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Entrevista Completa - Jornal O Tempo 02 Outubro 2018.



                                                
Grindcore
Stomachal Corrosion: cada vez mais cru, sujo e visceral
Banda mineira lança segundo disco, autointitulado, pela gravadora Cogumelo Records
Nos quase 35 minutos de seu novo e autointitulado disco, o Stomachal Corrosion destila um grindcore cru, agressivo, sujo e técnico. E, diga-se de passagem, de muita qualidade, fazendo jus a tradição do fértil terreno do metal mineiro, que deu luz a nomes reconhecidos nacional e mundialmente, como Sepultura, Sarcófago, Overdose, Chakal, Sextrash, Tuatha de Danann e Drowned.
E apesar de ser apenas seu segundo álbum full-lengh, o Stomachal não é um novato da cena. Nascido em 1991, o grupo soltou no mercado seu debut, “Transtorno Obsceno Repulsivo”, em 2005, além de vários splits como, por exemplo, ao lado dos belgas do Agathocles e dos portugueses Disfigured Human Mind.
O mais recente trabalho, porém, apresenta uma nova formação, com a entrada do baixista Hash Golem, e é o primeiro lançado pela gravadora Cogumelo Records.
“Fazemos um som que hoje encaro como algo com alguma identidade própria. O legal do grindcore é que ele é um estilo que, a meu ver, tem muita flexibilidade nas linhas dos instrumentos de cordas, principalmente, onde se pode encontrar nuances de outros estilos dentro da música extrema”, ressalta o guitarrista e fundador da banda, Charlie Curcio. Completam a formação o vocalista Saulo Eustáquio e o baterista Fred Catarino.
Ao todo, são 22 faixas, incluindo uma introdução, contendo riffs pesados e vocais guturais e rasgados e de curta duração – 18 delas não ultrapassam dois minutos. As letras, por sua vez, foram escritas sob três idiomas.
“Nosso estilo músico-ideológico provém do hardcore e do punk, passando pelo metal, então nossas letras tem cunho o mais realista e social possível. Se nas artes gosto de alguma liberdade e subjetividade, nas letras, as frases são curtas e diretas. O lance de escrever em português, inglês e até esperanto se deve a essa busca por alguma liberdade na forma de compor nossa obra como um todo”, explica Curcio, que elogia o atual line-up.
“Os outros três caras da atual formação já sabiam da banda quando nos conhecemos. Isso dá uma facilidade para tudo que se refere ao trabalho como um todo. Acaba que a banda fala mais alto do que as vontades de seus músicos, ou seja, nós entendemos que há um estilo, uma linha e uma personalidade natural da banda que nós precisamos seguir e respeitar. Se mudarmos isso não será o Stomachal Corrosion”, diz.
E com o novo disco recém-saído do forno, é hora de traçar os próximos passos. “Tocar ao vivo, divulgar e vender o CD atual. Já pensamos em um novo trabalho para 2020, mas lançamentos paralelos, com gravações ao vivo e em formatos secundários, podem surgir até lá”, relata.



1-Primeiramente, nos fale como e quando surgiu a banda. Um breve histórico até chegar no resultado final que é o debut.
Charlie Curcio - O StomachalCorrosion (escreve junto)surgiu em janeiro de 1991 quando saí de uma banda que ajudei a fundar, mas havia mudado os rumos não me deixando satisfeito. Então decidi começar uma nova com uma proposta dentro do que rolava naqueles tempos em termos de música mais pesada e extrema. Desde o início estamos sempre participando de lançamentos em vários formatos não só no Brasil, quanto no exterior até chegarmos ao nosso debut CD lançado em 2005 por uma gravadora de Bragança Paulista. Este ano, 2018, lançamos nosso segundo CD cheio, desta vez pela gravadora Cogumelo Records, daqui de BH mesmo.

2-O quanto a arte tem a ver com a sonoridade e as letras.
Charlie Curcio - O universo da Música Pesada carrega consigo uma cultura própria, onde o modo de vestir, falar, as artes, as maneiras de "dançar" e curtir os shows e as canções é essencialmente peculiar e exclusivo. Muito do que se originou no meio Rocker se espalhou por todos os estilos culturais, tanto musical quanto visual. No caso do SC, costumo utilizar uma arte mais direta e simples, às vezes com certo grau de subjetividade e que gere uma identidade.

3- Aliás, nos fale de onde vem a inspiração das letras e o porquê de mesclar português e inglês.
Charlie Curcio - Nosso estilo musico ideológico provém do Hard Core e do Punk, passando pelo Metal, então nossas letras tem cunho o mais realista e social possível. Se nas artes gosto de alguma liberdade e subjetividade, nas letras as frases são curtas e diretas. O lance de escrever em português, inglês e até esperanto, se deve a esta busca por alguma liberdade na forma de compor nossa obra como um todo.

4- De que forma você rotularia a banda? Ou melhor, qual o som da banda, em sua opinião?
Charllie Curcio - Fazemos um som que hoje encaro como algo com alguma identidade própria. Sempre estivemos ligados ao estilo GrindCore, mas ao comparar com várias bandas deste estilo me pergunto se nosso trabalho realmente se encaixa ali, mesmo muitos caras nos tendo como nome no estilo. O legal do Grind é que ele é um estilo que sinto ter muita flexibilidade nas linhas dos instrumentos de cordas, principalmente, onde podemos encontrar nuances de outros estilos dentro do extremo. Desde que a bateria e os vocais sigam um certo padrão, o som acaba sendo rotulado de Grind Core. Este referido padrão iniciou-se no começo dos anos 80 e posso garantir que os rótulos nunca foram bem vistos e encorporados.

5- É um trabalho cru, direto, sujo e empolgante, tudo ao mesmo tempo, na minha opinião. Era essa a intenção desde o início?
Charlie Curcio - No início era pior... (Risos). Mas, sim, desde que pensei em fundar esta banda que o intuito era estar neste estilo, mas bebendo nas fontes de outros que sempre curti. O legal é que, mesmo com tantas mudanças, a maioria dos caras que passaram pela formação da banda eram curtidores tanto do estilo como até da banda. Os outros três caras da atual já conheciam a banda quando os conheci. Isso dá uma facilidade para tudo que se refere ao trabalho como um todo.

6- Quais são suas principais influências, Charlie, como músico?
Charlie Curcio - No início eu procurava fazer algumas letras, bases e tudo mais, me norteado em várias outras bandas que eu ouvia. Com o passar dos anos fui entendendo que o StomachalCorrosion ia formando um estilo quase próprio, mesmo sabendo que algo realmente original hoje em dia é impossível. Acaba que a banda fala mais alto do que as vontades de nós, seus músicos, ou seja, nós entendemos que há um estilo, uma linha e uma personalidade natural da banda que nós precisamos seguir e respeitar, se mudarmos não será o SC.

7- Quais os próximos passos do Stomachal?
Charlie Curcio - Tocar ao vivo, divulgar e vender o CD atual. Já pensamos em um novo trabalho para 2020, mas lançamentos paralelos, com gravações ao vivo e em formatos secundários podem surgir até lá.

                    

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