O
STOMACHALCORROSION é uma banda formada em 91. Conte-nos como foi o início de
tudo.
Charlie Curcio – Eu havia passado por algumas bandas e na última que toquei não gostei dos
rumos que estavam dando a mesma, mesmo eu sendo membro fundador, então decidi
sair e começar um trabalho como eu gostaria que fosse, algo que eu tivesse mais
voz ativa e pudesse decidir como as coisas seguiriam. Nunca tive comportamento
de líder ou dono da banda, dando voz ativa a todos que sempre passaram e estão
na banda até hoje, claro que algumas viagens e devaneios que surgiram foram
podados, como uma vez que uns caras que estavam na formação queriam que o SC
virasse uma banda cover do Slipknot só porque, segundo eles, era a modo
no Metal naquele momento. Voltando ao começo de tudo, realmente as dificuldades
eram gerais, nãos tínhamos instrumentos, equipamento, nada. Lembro de um ensaio
que nem palheta eu tinha (risos).
Vocês passaram
por várias mudanças na formação no decorrer deste tempo. Como está o line-up do
grupo hoje?
Charlie Curcio – Desde que voltei a morar em BH que a formação se mantém praticamente a
mesma, pelo menos no núcleo de guitarra, bateria e o vocal. Tivemos algumas
instabilidades com baixistas, mas com a entrada do atual, as coisas tem tido
uma regularidade. Chegamos a ter a participação do Rodrigo F., das bandas Holocausto
e Certo Porcos, para uma gravação e um material que saiu no 3-Way Nipshit
(SC, Cleptophagia e Perfusion Blood). H0je estamos com a
formação: Saulo nos vocais, Charlie na guitarra, Hash Golem no baixo e Fred na
bateria.
Como se deu a
escolha do nome e o que quiseram passar para o público?
Charlie Curcio – Mesmo quando eu ainda tocava nas primeiras bandas, Insania, Diarrhea
e Interitus, que eu pensava em ter alguma banda com o nome tendo algo
como Corrosão, Corrosion ou Corrosive, por sofrer grande influência do Corrosion
Of Conformity e o disco Animosity.
Então, uma noite que eu voltava pra casa completamente bêbado logo no dia que
saí do Interitus, acabei pensando neste nome, StomachalCorrosion
(sim, junto) e comecei a trabalhar nos sons, letras, logotipo, biografia, etc.
O nome em si não tem nenhum sentido, é até um nome tolo, reconheço, mas acabou
ficando com o tempo, e não tem nenhuma preocupação com mensagem ou algo assim,
isso fica mais para as letras mesmo. Mas, confesso que nunca tive este
pensamento de passar mensagens ou tentar mudar o pensamento de alguém, as
letras são apenas um reflexo de algum momento de indignação tanto minha como de
alguém que venha a escrever algo.
Quais as
principais influências da banda?
Charlie Curcio – O SC é da época em que as bandas GrindCore estavam surgindo e era este meio que me fazia pesar em
estar inserido. Reconheço que houve um pequeno pedaço de tempo que minha
maneira de compor era muito baseada e bandas como Rot e Agathocles,
Napalm Death antigo e Abominog. Mas eu mesmo e os caras
que estavam nas primeiras formações fomos moldando o estilo e acredito que logo
passamos a ter um estilo meio próprio, mesmo não apresentando nada de tão
inovador e cheio de misturebas como algumas bandas fazem tentando criar algo
novo e na maioria das vezes só apresentam um som sem pé nem cabeça. Por isso
que eu já há muito tempo não sei se somos realmente GrindCore e nem sei se “os donos” do estilo nos aceitam como tal,
mas isso não me preocupa nem um pouco.
Vocês já lançaram
alguns materiais com bandas do exterior como AGATHOCLES e JAN AGX. Quais as
repercussões deste tipo de lançamento na carreira da banda?
Charlie Curcio – Acompanho o Agathocles desde seu começo quando lançaram sua fita demo Cabbalic Gnosticism, e em 1994 lançamos uma split tape com eles. A
repercussão sempre é a melhor possível, nos dois Split CDs procuramos gravar
material novo e em estúdio, recebemos bons comentários tanto nos Split CDs como
na fita de 96.
Vocês assinaram
um contrato com a Cogumelo Records e irão lançar um CD. Como isso ocorreu? O
que o público pode esperar deste material? Qual o nome do álbum?
Charlie Curcio – Conversando com o dono da Cogumelo, perguntei-lhe sobre a
possibilidade de entrarmos para o selo,
ele me disse para prepararmos um material e o apresentarmos. Assim o
fizemos e acabamos assinando o contrato para um CD que poderá ser lançado em
outros formatos no futuro, como vinil e cassete. O álbum tem apenas o nome da
banda, StomachalCorrosion, e vem com
vinte e um sons mais uma introdução. É o primeiro material oficial nosso que
conta com intro, eu particularmente não curto esse artifício no SC, mas
principalmente nosso vocal, o Saulo, insistiu em incluirmos algo dentro do
conceito de toda a arte da capa e encarte, e acabou dando certo. Ao meu ver
este é um material muito bem feito e pensado por toda a banda, está muito
pesado, rápido e em um estilo bem uniforme em todos os sons. A qualidade da
gravação está muito fudida. Esperamos que os maníacos por som no nosso estilo
curtam.
Underground no
Brasil é?
Charlie Curcio – Levo a vida no meio underground
muito a sério, e esta seriedade é refletida no meu trabalho em minha banda.
Mas, ainda tem cara que acha que ter banda e fazer um zine, blog, site ou ainda
organizar shows é brincadeira de moleque sem nenhum compromisso. Ainda aparece
muito aventureiro metido a ”salvador da cena” pensando que fazer qualquer coisa
de qualquer jeito é ser underground, podrão e estas viagens infantis. Ainda tem
cara de banda mendigando palco em troca de ouvir “tô fazendo o favor de colocar
voces pra tocar no meu show”. Ainda tem muito cara fazendo pouco caso de quem
quer trabalhar sério, de armar um esquema satisfatório para todos no meio.
Falta os caras acordarem para a realidade das coisas, saberem que só no dia que
houver um entendimento e respeito no underground é que este meio será favorável
para pessoas sérias e comprometidas permaneçam trabalhando por aqui. Ainda tem
o velho caso de cara que monta zine, sites e blogs só pra receber material em
troca de um comentário feito de qualquer jeito enquanto a coleção de material
do editor só cresce e sem gastar nenhum centavo. De uns tempos pra cá até
coisas de programelhos de TV tem ocorrido no meio underground, como
sensacionalismos, documentários e vídeos que só trazem discórdia e intrigas por
causa das trocas de ofensas por parte de pessoas que não sabem respeitar uns
aos outros e se portam como os donos do estilo, seja Metal, HC, Grind, ou o que
for.
Estamos
encerrando nossa conversa. O espaço é de vocês. Mandem uma mensagem aos fãs e
seguidores do grupo.
Charlie Curcio – Só posso agradecer pelas perguntas e o espaço para expor meus
pensamentos com relação a alguns assuntos e apresentar a banda a quem ainda não
a conhece e aos que já nos acompanham nesta trajetória corrosiva. E saibam,
apoiar o underground não se resume a compartilhar mensagens e vídeos no
Facebook e outros meios. Há de se saber que as bandas tem vários gastos
constantemente para se manter, a criação de material é para tentar ajudar estes
gastos. Se você gosta de determinadas bandas, compre seu material, vá aos shows
e entenda que assim é o meio underground, esta é nossa cultura. Parem de
boicotes e mimimis fúteis, vamos voltar a ter força e expansão, chega de tantas
intriguinhas e futricagens.
Obrigado.
Contatos:
Facebook: Facebook.com/stomachalcorrosion
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